Brasil está “atolado em recessão mais profunda” que o esperado, alerta novo relatório da ONU

Crise política, inflação crescente e déficit fiscal em alta estão entre as causas de uma contração de 3,4% das atividades econômicas esperada para 2016, segundo nova avaliação das Nações Unidas. O índice reflete o agravamento da recessão, cuja taxa no início do ano havia sido estimada em -0,8%.

De acordo com a revisão de meados de 2016 do relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2016o momento presente de elevação dos preços, juros e dívidas fiscais, combinado à instabilidade política, está provocando uma “deterioração aguda” da confiança de consumidores e investidores.

O consumo domiciliar tem sido afetado pelo aumento do desemprego, pela diminuição real dos salários e altos níveis de endividamento. O documento destaca que a inflação no Brasil já ultrapassou os 10%.

A análise ressalta ainda que as formações brutas de capital fixo “despencaram” devido a “cortes agressivos” em investimentos motivados por expectativas de que a demanda continuaria encolhendo e os custos de empréstimos aumentariam. Nos últimos dois trimestres de 2015, a queda das formações de capital fixo do Brasil foi a mais alta entre as maiores economias em desenvolvimento: 18,5%.

O atual cenário levou o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU — responsável pela produção do relatório — a descrever o Brasil como estando “atolado em uma recessão mais profunda e duradoura do que o esperado”.

O crescimento da economia só deve ser retomado em 2017 e a níveis modestos (0,2%). Estimativas publicadas no início de 2016 calculavam que o país cresceria 2,3% no próximo ano. O relatório alerta, porém, que a nova e menor taxa depende de uma amenização da crise política e da estabilização da situação macroeconômica.

Fonte: ONU Brasil